Thursday, October 30, 2008

Neuras

Ele: tens muitas neuras, não tens?
Eu: as suficientes para manter-me viva.
Eu estava lá. Sentada num banco velho, de costas para a velha árvore. Vi quando abriste a cabeça em dois. Quando retiraste o teu coração com essas mãos nuas. O livro poisado no meu colo estava aberto na página vinte e dois. Os meus dedos acarinhavam as letras que eu não conseguia ler. Mas eu estava lá. De olho arregalado, perplexa diante dos teus gestos...

A verdade no escuro

Sou admiradora ferrenha de Antonio Salas, jornalista espanhol que se infiltra em grupos obscuros durante um certo período de tempo, a fim de denunciar e esclarecer o público sobre verdades dolorosas. Verdades que se encontram à nossa frente, mas que por um motivo ou outro, preferimos ignorar.
Apresento a primeira parte da entrevista que Salas concedeu ao jornalista da revista portuguesa Visão sobre os infelizes e iludidos neo-nazis.
Apresentarei mais tarde, a segunda parte. Leiam porque é deveras esclarecedora...

"Antonio Salas não revela o seu verdadeiro nome nem destapa a cara para a foto. Sabe que a caça começará quando a sua identidade for pública. O jornalista viveu durante quase um ano no meio dos neonazis, como se fosse um deles, a gravar tudo com uma câmara oculta. O seu livro, Diário de Um Skin, foi esta semana editado em Portugal pela D. Quixote, depois de ter sido o maior best-seller em Espanha, em 2003. Ali se descreve um mundo de incoerências, em que latinos idolatram um Hitler que os consideraria sub-humanos. Em que o futebol se transforma num palco político e a prisão numa catapulta para a lenda. E onde se inspira ódio e expira violência.

De onde vem o ódio dos skins?
Do medo. Têm muito medo do que não conhecem e do que não compreendem: homossexuais, estrangeiros, outras raças. Mas esse é um ódio que tem de ser renovado constantemente, senão desaparece.

Diz que 90% dos neonazis se distanciam dos movimentos quando conseguem uma relação estável ou uma família. O nazismo é apenas uma forma de preencherem uma vida vazia?
Eles entram muito jovens e quando atingem a sua primeira relação emocional, quando se casam ou têm filhos, ou quando têm o seu primeiro trabalho sério e entram dentro do capitalismo, compram um carro ou uma casa, aos poucos vão-se desligando do movimento skin.

Escreve que muitos pertencem às classes média-alta e alta. A opção deles também nasce na educação? Os pais alheiam-se ou são coniventes?
Responsabilizo os pais por todos os skins. É impossível que um filho se converta num cabeça rapada e o pai não se dê conta. Se rapa o cabelo, se se enche de tatuagens de suásticas, qualquer pai se apercebe. Acontece que muitos skins provêm de famílias fascistas, que continuam essa tradição de extrema-direita, trocando Salazar ou Franco pela suástica e pelo III Reich.

A ideologia está irremediavelmente cravada nos jovens que conheceu?
Todos têm saída. O mais importante do meu trabalho é ter contribuído para que centenas de rapazes e raparigas abandonassem o movimento, como percebi pelos mails que me mandaram.

Mas largar o movimento não significa deixar de ser racista ou xenófobo...
Claro. O racismo está intimamente ligado ao nacional-socialismo. A minha conclusão foi que uma imensa maioria de rapazes e raparigas são idealistas que realmente acreditam em todas estes disparates da supremacia da raça branca, da Europa branca. Mas uma das coisas que os fez aperceberem-se do absurdo foi saberem quem está por detrás. E foi esse o meu objectivo. Escrevi o Diário de um Skin para eles, para ir mais além do que eles próprios conhecem, explicar-lhes como são utilizados pelos líderes dos clubes de futebol, dos partidos, do tráfico de mulheres. [Um dos cabecilhas que Antonio Salas conheceu é dono de vários bordéis e recruta mulheres africanas e brasileiras, apesar do seu discuros anti-prostituição e anti-imigração.]

Esse racismo é movido por experiências pessoais?
Não porque tiveram uma experiência pessoal, mas porque crêem que a tiveram. O discurso que apreendem todos os dias diz que os imigrantes ocupam o seu posto de trabalho (mesmo que seja um trabalho que nem um português nem um espanhol querem ocupar). A música e as publicações neonazis alimentam esse ódio, para que não deixem de pensar que têm essa experiência pessoal todos os dias.

Os skins mostram-se muito violentos, mas aparentemente só quando estão em grupo.
São uns cobardes, sim. A mim não me preocupa encontrar-me com um ou dois. Todas as suas acções são feitas em manada. São como os lobos: apenas caçam em grupo. O Mário Machado, por exemplo, tem mesmo um blog que se chama Homem Lobo. No fundo, são profundamente cobardes. Há excepções, claro. Alguns cometem assassinatos sozinhos, mas esses são apenas psicopatas.

No meio da sua admiração por Hitler, os neonazis espanhóis e portugueses têm consciência de que o seu ídolo estaria longe de os considerar membros de pleno direito da raça ariana?
Creio que não. Para isso, teriam de ler toda a informação que, acreditam, está manietada pelos judeus. Por exemplo, conheci um tipo que estava a aprender alemão para poder ler «A minha luta» na sua língua original. Chegou a lavar o livro, porque podia ter passado por mãos judias. Eles não se alimentam das fontes de informação que consideram estar contaminadas: recorrem aos trabalhos dos revisionistas. Essa informação diz que não existiram as câmaras de gás, o holocausto, Hitler via toda a Europa como a raça branca pura. Não fazem ideia que nós, latinos, iríamos passar maus momentos às mãos de Hitler."


Thursday, October 23, 2008


Não sei se receio a morte ou a vida

Evito pensar na morte. Dói-me a sua definição.
Penso mais vezes na vida. Nesta vida que ando a levar. Na vida que as pessoas levam.

A ideia de morrer angustia-me. Pesa-me aqui dentro. Dentro de mim.
Viver tem os seus segredos e esperanças. Esperança de um dia o teu caminho se cruzar com o meu. E acho que é por isso que também vivo.

Não me imagino morta. Fechada dentro de um caixão. Á disposição dos vermes e da intemporalidade.
Mas imagino-me velha. De cabelos brancos e sorriso sábio. De quem amou e foi amada.

Sim, pensar na morte fere-me. Pensar que nunca mais existirei. Pensar que nunca mais irei sentir dor ou frio.
A vida também me dói por vezes. Como quando chamaste-me fria e calculista. Mas estavas zangado e só por isso a ferida sarou sem que eu tivesse de a lamber.

Este desconhecimento profundo em relação à morte é estranho e magnético ao mesmo tempo. Não sei se depois de partir, irei directamente para os portões de Hades. Ou se o meu destino será a casa do todo-o-poderoso.

Mas nesta vida não acredito em Deus nem no Diabo. Nesta vida sou o que vejo e por vezes sou apenas o que sinto...
Correr faz-me bem à alma. E ao corpo. Este corpo que se torna inerte e velho com o passar das experiências.

A banda Rage Against The Machine acompanha-me nesta corrida louca. Em que ultrapasso velhotes, crianças, adolescentes e ladrões.

E enquanto corro esta corrida alucinada, ultrapasso-me a mim mesma. Desintoxico medos. Desamores. Frustrações. E energias densas acumuladas em mim como se fossem mercúrio.

Vejo a manto da noite cobrir o dia que passou veloz enquanto esforço os músculos e respiro. Respiro e sinto. Sinto e Respiro. E torno a correr. Como se disso dependesse a minha vida. Ou a minha sanidade mental...

Wednesday, October 15, 2008


Pérola II

Há algum tempo que não lia uma entrevista tão interessante. O entrevistado é um médico e escritor brasileiro, que lançou o livro "Heróis de Verdade".
A entrevista é extensa, mas vale a pena...

Isto É - Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki: Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

Isto É - O sr. citaria exemplos?
Shinyashiki: Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene". É uma pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

Isto É - Qual o resultado disso?
Shinyashiki: Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

Isto É - Por quê?
Shinyashiki: O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa.Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.


Isto É - Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki: Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Tive um professor de filosofia que dizia: "Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham". Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

Isto É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki: Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir mais facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: "Quem decidiu publicar esse livro?" Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

Isto É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki: O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.

Isto É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki: A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz".Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida."

Pérola I

"Os imigrantes devem adaptar-se às novas sociedades que os recebem e estas têm igualmente de se adaptar. Só graças a uma estratégia criativa de integração dos imigrantes os países podem assegurar que estes enriquecem a sociedade de acolhimento, em vez de trazerem instabilidade (...) os imigrantes fazem parte da solução, não do problema”.

Koffi Annan - antigo secretário da ONU

Monday, October 13, 2008


É a solidão meu amor..
Que mitiga os meus passos e segue-me a alma em tempos de penumbra.
É esta falta de companhia que me sacode e verga o corpo nas noites frias.
É este desejo cego de te pertencer sem limites. Que me permite a tua ausência em dias assim.
Afundo-me nesta cama larga e procuro o teu perfume amadeirado entre os lençóis mil vezes usados.
O rádio toca melodias tristes e o meu pobre coração acompanha o ritmo lento e pesado da minha respiração nocturna.
Voo até ti em sonhos cinzentos para descobrir que não estás lá. Para descobrir que fugiste das correntes com que tentei prender-te.
É desta solidão que te falo, meu amor...

Música favorita do momento/estado de espírito actual

When I look into your eyes I can see a love restrained
But darlin' when I hold you
Don't you know I feel the same
Nothin' lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold November rain

We've been through this such a long long time
Just tryin' to kill the pain
If we could take the time to lay it on the line
I could rest my head
Just knowin' that you were mine
All mine
So if you want to love me then darlin' don't refrain

Or I'll just end up walkin'
In the cold November rain

Guns and Roses/November Rain


A queridíssima Sílvia incumbiu-me no seu blog: http://reflexosilvia.blogs.sapo.pt/ de fazer um acróstimo com o meu nome. Então cá vai:

Curiosa

Lutadora

Alegre

Relaxada

Amiga

Thursday, October 9, 2008

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
Encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
Encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar

Chegado da guerra,fiz tudo para sobreviver
Em nome da terra,
No fundo para te merecer
Recebe-me bem,
Não desencantes os meus passos
Faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
E o que não vivi, hei-de inventar contigo
Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem, encosta-te a mim...


Jorge Palma

Wednesday, October 8, 2008


Massacre em Juarez

Juarez fica no México. É uma terra pobre, entalada na fronteira que separa o México dos Estados Unidos. Desde os anos 90 que Juarez tem perdido as suas jovens mulheres. São torturadas, violadas, mutiladas e finalmente mortas à mão de gente influente. O governo conhece os números e a polícia também. As organizações dos direitos humanos e jornalistas mexicanos têm dado voz às mães das jovens vítimas. Mas a impunidade continua. E vai continuar. O governo mexicano não acredita em assassinos em série e minimiza a morte e o desaparecimento de tantas mulheres.

"Durante anos, Diana Valdez cobriu, como jornalista, os assassinatos de mulheres em Ciudad Juarez. Ela conseguiu juntar dados suficientes para botar muita gente na cadeia. Mas nada foi feito. Aqui extraímos uma passagem de seu livro “Colheita de Mulheres. Safari no Deserto Mexicano”, publicado em Espanha em 2005.

“Apesar das afirmações das autoridades, esses crimes não tinham nada de normal e já eram muitos. Desde 1993, jovenzinhas, inclusive meninas de apenas 12 anos, eram violadas, estranguladas e mutiladas. Durante os últimos dez anos, mais de quatrocentas mulheres foram assassinadas e uma quantidade indeterminada delas permanece como desaparecidas.
Sagrario González, de 17 anos, que trabalhava como operária em uma maquilhadora, desapareceu em abril de 1998 ao sair do trabalho. Depois de vários dias, seu corpo foi encontrado em um terreno baldio a leste da fábrica onde trabalhava. As autoridades disseram que a jovem foi estuprada, estrangulada e apunhalada. Em 1996, outras oito mulheres forma localizadas em uma região deserta de Juárez, conhecida como Lomas de Poleo, perto de El Paso, Texas. (...) No início, achei que esses crimes eram obra de um par de depravados assassinos, protegidos pela polícia graças a seus vínculos com o submundo. Havia indícios disso. Depois, fiquei sabendo que havia algo muito mais oculto e complexo por trás dessa colheita de mulheres. Pelo que vi, os criminosos eram homens poderosos que gozavam de influência nas mais altas esferas do governo mexicano. Mas os investigadores mexicanos, que sabiam que esses homens escolhiam suas vítimas entre as jovenzinhas das famílias mais pobres, não fizeram nada para detê-los”.