O ano está a findar. É inevitável o balanço anual. Na realidade, nunca fui muito de fazer balanços. Creio que por achar que todos os anos eram iguais. Talvez estivesse a ser injusta comigo mesma, não sei. Sei que este ano, foi um ano estupendo. E ocorre-me que provavelmente, os outros anos pareciam-me iguais porque eram tempos de semeadura. Semeei muito, diga-se de passagem e este ano, este ano par, foi tal como disse, estupendo. Foram meses de pura colheita ou de conquista se preferirem.
Arranjei a minha casa e é lá finalmente o meu refúgio, desta cidade que me consome a mil à hora, pese o facto de eu viver isolada, distante do fervilhar social que em nada me atrai. A minha casa é maravilhosa. O ar flui, a energia desliza sem barreiras. E o meu quarto é o supra sumo da minha toca onde descanso os ossos, sosssego a alma e sonho sem parar.
Este ano viajei. Foi o ano onde os meus horizontes se abriram em catadupa sem qualquer controlo da minha parte. Estive no Brasil, país irmão, quente e acolhedor. Não me vejo a morar lá, mas senti-me em casa. Não sei se porque a língua é a mesma ou se porque o povo que habita aquela terra é hospitaleiro até às margens.
Estive também no Chile onde em cinco frenéticos dias conheci gente de todo o mundo. E onde fiz amigos, espero eu, para o resto da vida, ainda que a distância pareça assustadora.
Nestes doze meses, evoluí muito como tradutora, embora não tenha qualquer licenciatura na área. E graças a este facto, descobri finalmente o que quero fazer da minha vida. Sim, 34 anos depois, encontrei o meu rumo e embora me encontre a tremer de medo por querer seguir o meu caminho, a descoberta deixou-me e deixa-me em estado em êxtase.
E para rematar, daqui a um mês regressarei a casa por um mês. E anseio por estar novamente com os meus amados amigos à volta de uma mesa, de cerveja na mão e cigarro na boca e com a alma relaxada e disponível.
Foi um ótimo ano e sei lá eu se alguma vez tive um ano tão formidável como este. Para o próximo ano, não planeio nada. Gostava que fosse tão maravilhoso como este foi, mas deixarei isso a cuidado do Universo. Confio-lhe os caminhos da minha vida e o que tiver de ser, será!
Shalom.