Quero conhecer o mundo. Quero conhecer gente diferente. Pessoas de outras culturas. Descobri que grande parte da minha realização pessoal passa por viajar. Quando me desloco para outro mundo, deste mundo em que vivemos, sinto um prazer inigualável. Algo que mexe com as minhas entranhas, me apazigua o coração e que me abre a cabeça ao meio. Como se um terramoto de baixas porporções me rachasse, me deixasse partida aos bocados e me atirasse para um abismo sem fundo. É um prazer dos diabos!
Mais do que nunca, sinto-me uma cidadão do mundo. Sinto-me parte integrante da humanidade e por mais que tentasse, não conseguiria descrever em palavras o que significa para mim ser uma cidadã do mundo.
Sou uma iniciante nesta coisa das viajens. Ainda só conheço Moçambique (Maputo, Inhaca, Inhambane), África do Sul (Nelspritt), Israel (Tel Aviv, Jerusalém, Haifa e outras), fora Portugal (nem vale a pena colocar as cidades que conheço já que são tantas), Espanha (Corunha, Mérida), Chile (Santiago do Chile) e Brasil (Rio de Janeiro, Recife). E claro, Angola. Para alguns podem ser muitas cidades, mas conheço quem já conheça mais de 30 países...wow! Quem me dera!
Gostava de conhecer Inglaterra (meu sonho, by the way), França (Paris), Itália (Roma), EUA (Nova-Iorque e Nova Orleães) e a Suécia. Bom, o que eu queria mesmo era conhecer o mundo todo, mas não conseguiria ficar dentro de um avião por mais de 8 horas. Tenho a certeza que iria surtar dentro do aparelho. A menos que emborcasse umas garrafas de vinho para dormir durante o voo todo. Resumindo, ir para a Ásia parece-me inviável, a menos que me paguem. De qualquer forma, não tenho muita curiosidade pelos países asiáticos. E pelos africanos muito menos. Tirando o Malawi, Quénia, Egipto (quem me dera conhecer a biblioteca de Alexandria), Namíbia, Cabo-Verde, São Tomé e Princípe.
O mundo é tão grande e existe tanta gente nesta vida que parece-me uma patetice estarmos sempre rodeados pelas mesmas pessoas ou sempre no mesmo sítio. Neste nosso planeta globalizado, torna-se praticamente imperioso trocarmos ideias com seres de outros países. É quase vital que conheçamos outras culturas, outros ensinamentos por forma a exercermos a tolerância.
Além disso, é ótimo conhecermos pessoas de outros países. É sempre uma casa que teremos quando nos deslocamos para fora da nossa. Fora que enquanto viajamos, muitas coisas podem acontecer como encontros de primeiro grau ou oportunidades nunca antes sonhadas.
Passei o mês passado no Brasil, com um intervalo de seis dias no Chile, mais concretamente, na capital. Foi um mês intensivo, com muita correria, muita informação e muita gente especial que ficará na minha vida, enquanto tiver que ser.
Os chilenos são super simpáticos, a cidade é antiga, bonita e talhada pelas revoluções. É verdade que é suja, mas tem um encanto muito próprio. A comida é barata e farta e o bom café é difícil de encontrar. O convívio com a malta do Global Voices foi extasiante. Pena que o tempo foi curto e era tanta gente que ficou difícil comunicar com todo o mundo.
O hotel era porreiro e as camas eram o sonho de qualquer cidadão de bem. Bastava-me deitar a cabeça na almofada e sentir a qualidade do colchão e dos edredons para me encontrar com Morfeu em menos de um minuto. O pequeno-almoço era uma delícia com direito a frutas, pães de várias qualidades, chás, e sei lá mais o quê. O único senão era a internet. Uma lástima, mas era de se esperar já que erámos mais de cem a querer acessar a net ao mesmo tempo.
Do hotel seguíamos de metro para a Biblioteca Nacional de Santiago, onde decorreu o summit. E ali passávamos os dias em open sessions, breaks para o café ou para o almoço. Tal como disse, foram dias muito intensos e interessantes, totalmente recheados de informação.
Eu andava com o grupo lusófono, por razões óbvias, mas ainda troquei alguns dedos de conversa com pessoas de outros países não-lusófonos.
A chegada ao Chile é que foi um stress (reparem que deixei para o final, o início da viagem aquele país). Após 3 dias no maravilhoso Rio de Janeiro segui com Diego-fuefo-Casaes, para Santiago. Apanhámos dois aviões da companhia aérea Pluna, de modo que parámos primeiro o Uruguai e lá encontrámos outro membro do Global Voices e com ele seguimos para Santiago. Este segundo avião ou esta segunda viagem é que foi fueda.
Era de noite e às tantas o avião começou a sacudir. O americano xuxuco que ia ao meu lado e que comigo meteu conversa, disse-me que estávamos a sobrevoar a cordilheira dos Andes e que era normal tanta turbulência. Foi a primeira vez que senti tanta turbulência e mesmo sem querer, só me vinham imagens do avião a espetar-se contra a tal da cordilheira. De repente lembrei-me de olhar para o lado e vi uma imagem que tranquilizou-me. Os meus dois colegas do GV a tagarelavam tranquilamemente, alheios aos sacolejos do velho aparelho da Pluna. Ao vê-los acalmei-me por segundos mas depois, o meu coração voltou para os braços da inquietude e senti a morte a querer dar-me um abraço forte.
O tal do americano-acabado-de-conhecer bem que me podia ter abraçado, mas não. Também ele se deixou aterrorizar. Felizmente a maldita turbulência acabou e eu pude enfim respirar aliviada e voltar à conversa com o americano-suposto-traficante-de drogas-ou-de-mulheres (digo eu, porque qualquer coisa ali não batia bem).
E esta é a primeira parte das minhas aventuras pela América Latina. A segunda parte virá dentro de alguns dias...