All i ever wanted.All i ever needed is here in my arms.Words are very unnecessary. They could only do harm...
Thursday, November 18, 2010
Tuesday, November 16, 2010
Partir exige um dilaceramento que arranca uma parte do corpo à parte que permanece aderente à margem do nascimento, à vizinhança do parentesco, à casa e à aldeia dos utilizadores, à cultura da língua e à rigidez dos hábitos. Quem não se mexe nada aprende. Sim, parte, divide-te em partes. Teus semelhantes talvez te condenem como um irmão desgarrado. Eras único e referenciado. Tornar-te-ás vários, às vezes incoerente como o universo que, no início, explodiu, diz-se, com enorme estrondo. Parte, e tudo então começa, pelo menos a tua explosão em mundos à parte. Tudo começa por este nada. Nenhum aprendizado dispensa a viagem.
Michel Serres
Monday, November 8, 2010
Reflexões. Conclusões. Dúvidas.
Há pouco escrevi um texto sobre "partir", sobre o que significa para mim este verbo. E no meio do frenesim dos meus dedos a baterem no teclado, de ideias soltas e de conclusões há muito definidas, cheguei a um novelo concreto que me fez perceber porque quero tanto deixar Angola. Existem outros motivos além da minha total falta de afinidade com o país e com as gentes.
Percebi que quero partir para redescobrir-me. Preciso saber quem é a Clara dos trinta e quatro anos. Cheguei com vinte e sete anos e apesar da vida socialmente limitada que levo, experienciei muitas coisas, vi e constatei uma série de factos, uns mais agradáveis que outros e realizei algumas conquistas que me fizeram ver do que sou capaz. Aprendi a não estagnar, a ser franca com os outros ainda que doa e percebi claramente o que não quero para mim. Estou mais una, madura. Sete anos volvidos, penso ser a altura ideal para me voltar a atirar no mundo. E será um novo mundo porque sou em parte uma nova mulher, um novo ser. Um pouco mais completa, mais dona de mim. Não engulo mais sapos. Só faço o que quero. E digo o que me apetece.
Viajei por alguns países e conheci gente nova. Aprendi a dominar a internet a meu favor ou se preferirem, a favor da minha inteligência que está mais afiada do que nunca. Ganhei novas percepções e mais do que nunca sei que o mundo é um horror. Repleto de almas escuras, de calamidades, de pesadelos dominados por monstros de garras afiadas. Mas também sei que o mundo, que este planeta onde habitamos pode ser belo e cheio de gente pronta para nos acolher. Também sei que consoante a minha fé (que muito oscila) terei oportunidades que saberei agarrar. E sei também que depois do desespero vem a esperança. O mundo é uma montanha por conquistar e a minha vontade é soberana.
Chego aos trinta e quatro anos mais estável do que nunca. Caminho sem redes. Sei de onde vim, por onde passei e sei onde quero estar no futuro. Os meus planos não são lineares. Encontrarei imprevistos dolorosos e curiosos pelo caminho e irei sofrer e duvidar de mim. Mas aqui dentro, dentro de mim, do meu coração e da minha cabeça, reside a vontade de dar um salto de fé. A fé em mim e na vida.
Curioso. Hoje a meio da noite acordei com medo. A minha mente viajou em fracções de segundos para a nova vida que quero levar e o meu corpo tremeu. Tremeu de dúvidas e medos. Tremeu com a ideia de enfrentar novos desafios e lembro-me de perguntar a mim mesma, se seria uma decisão sensata. Largar a estabilidade e atirar-me sem asas. Depois voltei a adormecer.
E agora eis-me aqui. A escrever precisamente o contrário. Sou una mas tenho dúvidas e apesar de tudo falta-me a coragem. Ainda...
Mas no meio de tantas dúvidas uma coisa sei ao certo. Ficar em Angola para o resto da vida, está fora de questão. Sinto a alma a reclamar por mais espaço.
Partir
Partir. Este verbo está sempre presente na minha cabeça. Partir. Gosto da ideia. Gosto de o saber aqui, dentro de mim. Partir para nunca mais voltar ou partir para voltar um dia, quem sabe? Partir pelo simples prazer de ir sem remos, asas ou sonhos.
Partir porque a mala roxa debaixo da cama não me permite olvidar o verbo partir. Verbo íntimo que me abraça em sonhos relaxados onde o peso da realidade não existe. Partir sem destino, aconchegos ou medos. Partir porque sim. Partir porque a alma não cabe neste espaço onde se encontra. Partir para ser livre. Livre, talvez para sofrer angústias passadas. Partir para ir de encontro à estagnação, ao pesadelo poético de uma vida tecida em fios tão finos como os sonhos.
Sim, gosto do verbo partir. De me saber sem amarras emocionais que são as que mais limitam o ser humano mas não a mim. Partir numa jangada de madeira, num avião pesadelo. Partir em busca do que foi ou melhor ainda, partir em busca do novo. Partir para descobrir quem sou após tantas experiências, tanta estabilidade e tanta idade. Partir rumo ao futuro. Rumo ao futuro e a mim mesma. E é só por isso que quero partir.
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