Tuesday, March 30, 2010

Parece que a Vogue recusa-se a fazer um trabalho com a Gabourey Sidibe (actriz fenomenal que fez o filme Precious) porque ela está com peso a mais. E também porque aparentemente a revista não teria roupa grande o suficiente para vestir a jovem actriz.
Entre outras coisas, durante a cerimónia dos Óscares fizeram-se comentários indelicados ao vestido que Sidibe levava. Diziam que ela não tinha levado um vestido e sim uma tenda.
Que a rapariga está com excesso de peso, dá para ver de longe e até por uma questão de saúde, ela deveria perder alguns quilos. Mas só por uma questão de saúde e não por vaidade. Muito menos para evitar os comentários ridículos e fúteis de quem gere a Vogue ou de pessoas acéfalas e fúteis que gastam provavelmente rios de dinheiro em cirurgias e em botox para se transformarem em monstros em seguida. Como o caso da Jocelyn Wildenstein que para agradar o marido e manter viva a chama do casamento resolveu transformar-se no animal preferido do marido: um tigre. Escusado será dizer que a mulher parece uma besta fera de tão horrível que está.
Este mundo em que vivemos enfurece-me sobremaneira. Esta futilidade pavorosa, estes pseudo-conceitos de beleza absolutamente nojentos, esta mania de criticar mulheres acima do peso deixa-me com os cabelos em pé!
A Donatella Versace parece um esqueleto tostado ambulante com beiças de gorila, provavelmente para se encaixar no mundo em que se move e no entanto aceita-se mais facilmente a sua imagem ridícula do que o peso extra da Gaboury Sidibe.
É este o tal do século 21? Onde estão os iluminados? Onde estão os valores que deviam reger esta humanidade? Onde está a vontade de evoluir e de viver com o coração?
Bem sei que é um lugar comum, mas porque é que se valoriza tanto o excesso de peso? Porque razão já ninguém se importa com o coração ou o espírito do próximo? Quando foi que nos agarramos à carniça da imagem e decidimos que isso é o que mais conta nesta vida?
Porque é que uma velha de setenta e tal anos usa corpete há mais de vinte para ter uma cintura igual à da boneca Barbie? Foi para isso que as feministas queimaram o soutien em plena praça pública?

Estado de graça

Hoje li que o Ricky Martin decidiu assumir a sua homossexualidade. A opção sexual deste latino lindo de morrer, não me interessa rigorosamente nada, o que me chamou a atenção foi a forma como ele se assumiu, ou melhor a forma como passou para o "papel" o que lhe ia na alma. Ou por outra, como se sente em relação a esta declaração.
Diz ele que precisou libertar-se de vários medos, de passar por várias experiências para conseguir chegar ao sítio onde está hoje. Para sentir-se um ser humano feliz com ele próprio e com o ambiente que o rodeia. Em suma, ele cresceu. Deu um passo evolutivo de grande importância e sabe-o. Sente-se iluminado e bem com ele próprio e é por sentir-se bem que está alheio ao que possam pensar dele.
Quando se atinge este patamar, a sensação é boa. Quase como se tivessemos acabado de cumprir uma tarefa e agora nos sentassemos à sombra da bananeira a colher os frutos. É como se tivessemos dado uma série de passos que nos conduzem para este estado de espírito. Como se tivessemos enfrentado tormentas ou a ira de Zeus, sabendo ou apenas desconfiando que a praia e a bonança se encontram lá mais à frente.
Já me senti assim várias vezes. E acho que é assim que me sinto ultimamente. Tranquila. Em paz comigo e apenas comigo. Parece-me que descobri o meu lugar no mundo, embora ainda não saiba que mundo é esse. Se Luanda, Lisboa, Reino Unido ou Estocolmo.
É evidente que de vez em quando sou sobressaltada por dúvidas e sonhos por completar mas no geral, a minha alma está bem. Devem ser os 30. Devem ser as experiências negras que passei lá atrás, numa outra vida em que os ciclos se fechavam em si mesmos e mal tinha ar para respirar.
Talvez seja a maturidade. Ou a consciência que um ciclo de cultivo se fecha diante destes meus 33 anos e que um de colheitas, se aproxima sem que sinta receio ou ansiedade. E esta sensação quase palpável traz segurança e agilidade no caminhar, ainda que a estrada vá ser irregular como em quase todas as caminhadas.
É maravilhoso estar neste estado de graça. Sinto-me capaz de abraçar gigantes, de escalar os Himalaias, de entrar sem medo num avião, de dizer que sim a uma futura união amorosa, de assumir que pelo menos um filho, pretendo ter...
Sinto-me forte o suficiente para desafiar Hércules, para decifrar Nietsche, para seguir em frente de cabeça erguida e peito inchado.

Sossego


Tuesday, March 23, 2010

Os americanos são estúpidos ou quê??

Cada vez me convenço mais que os americanos são um povo estúpido e que devem muito à inteligência. Tiro essa prova nos programas de reality show que tanto saciam o cérebro oco e desprovido de bom senso que a maioria dos americanos demonstra sem qualquer pudor.
E eis a prova: um miúdo de 11 anos chamado Jordan Brown não foi de modas e matou a madrasta, grávida de oito meses com um tiro na nuca enquanto esta dormia. Em seguida, apanhou o autocarro escolar e dirigiu-se à escola como se nada tivesse acontecido. O facto do imberbe ter assassinado a madrasta e ter revelado sangue-frio para os seus 11 anos, já é de si chocante, mas saber que fora o próprio pai a oferecer-lhe a arma, torna tudo ainda mais chocante e deixa-me com um grande ponto de interrogação na cabeça.
A arma foi desenhada especialmente para crianças e como tal não precisava de registo ( os americanos são estúpidos, ou quê?), o pai costumava caçar com o filho, cada um com a sua arma, logo o puto sabia manejar a arma (os americanos são estúpidos ou quê?) e o estado americano decidiu condenar o puto a prisão perpétua.
Apesar de concordar com a pena e de achá-la pesadissíma, penso que isto se torna a consequência de uma política de porte de armas absolutamente ridícula mas recebida de bom grado pelo estúpido povo americano. Grande parte da população enaltece esta política e só se sente segura com uma ou várias armas dentro de casa. Em parte percebe-se porque se há coisa que infesta os EUA são os assassinos em série que crescem como cogumelos e matam sem piedade. No entanto, acho rídiculo que se mantenha esta "tradição" e esta forma de protecção.
Jordan Brown tem 11 anos e pergunta-se se ele sabe o que fez. Se tem consciência que ceifou uma vida. É claro que tem! Com 11 anos ele sabe a diferença entre o certo e o errado. Ele matava animais, for God sake, é óbvio que sabe o que é a morte! E de certeza que andou a cozinhar a matança da madrasta durante muito tempo. E de certeza que ficou aliviado por ter feito a madrasta desaparecer do mapa da vida. Se assim não fosse não teria ido sossegado para a escola.
É uma tragédia. E a grande tragédia aqui reside na estupidez de um pai, de um sistema e da incapacidade de ler os sinais que com certeza o miúdo demonstrava.
Lamento apenas pela vítima e pelo bebé por nascer. Se tenho pena do miúdo? Nem um pouco! Se sinto compaixão pelo pai? Nem pensar! Se acho que os americanos são estúpidos? Com certeza!

Friday, March 19, 2010

Destinos

Para este ano adivinha-se mais uma viagem. O universo andou a trabalhar de tal forma que desenha-se no mapa da minha alegria uma visita de 5 dias ao Chile. Até este país sofrer aquele terramoto pavoroso que modificou em milímetros o desenho do planeta Terra e matou um sem número de gente, estava entusiasmadissíma! Continuo entusiasmada mas sem o "issíma", claro! A esta altura preferia que mudassem o encontro para um país qualquer na Europa (dava jeito em termos pessoais) ou até mesmo para a terra dos ignorantes, os Estados Unidos da América.
Mas a agenda mantém-se e eis que os chilenos terão a oportunidade de receber esta beleza africana que terá de passar horas e horas dentro de um avião. Já sabem que andar no pássaro de metal é uma chatice para mim. Tudo bem, as estatísticas dizem que é o meio de transporte mais seguro do mundo, mas a verdade é que estar nas nuvens físicamente, causa-me um desconforto assaz irracional. Dormir em pleno ar é impensável e comer torna-se uma alegria mesmo que me sirvam pescada sem sabor e legumes esverdeados demais!
Mas enfim, lá terei de ir conhecer o Chile (e tal como Israel, foi coisa nunca antes sonhada) e conhecer uma série de gente vinda dos quatro cantos do mundo. É a globalização na sua melhor forma e a vontade de ir com o coração aberto. E melhor que tudo, é o desejo de estabelecer conversas com gente aparentemente inteligente e de todas as cores e feitios.
De lá pretendo seguir para o Brasil, país de belezas desconcertantes e onde nasceu o meu amado Reynaldo Gianechinni. Não terei certamente a sorte de o encontrar mas em compensação, cairei nos braços da minha amiga Isabella que anseia por mim, como eu anseio por uma cervejinha gelada num dia de muito calor.
Ela mora no Recife que fica a dois passos de terreolas paradisíacas. Então, a minha cabeça está a mil à hora com mais esta surpresa que o universo me preparou. Sou uma sortuda, eu sei. Mas mereço. Mereço porque já penei muito nesta vida e é chegada a hora de colher os louros!

Wednesday, March 17, 2010

O texto do desanuvio

Pois é meus estimados seguidores deste-blogue-atirado-às-urtigas-do-esquecimento, voltei! Foi preciso visitar um blogue alheio de uma pessoa incrivelmente bipolar para sacudir a poeira dos dedos e retomar a escrita neste meu espaço-quase-diário. A culpa é do facebook, sabem? Ando viciada naquela coisa. Tenho lá os amigos todos e gasto boa parte da minha criatividade naquela página.
Bom, a vida tem seguido o seu curso. Algumas novidades materiais, projectos de viagem e o mesmo marasmo emocional que me provoca comichão em dias de solidão infernal. As conversas com o meu pardalito (credo) prosseguem. A relação também parece prosseguir embora a passo de caracol. Não se entusiasmem, não passa de uma relação platónica, daquelas à moda antiga, percebem? Estou fadada para merdas desse género, não há volta a dar. De vez em quando ganho asas e voo como uma águia em sonhos de encantar, sobre as nuvens e atravesso mares. São bons esses voos. A chatice é quando regresso à realidade ou quando me distraio com outros pardalitos (duplo credo).
É preciso dizer que não sou de ferro e que de vez em quando ganho sangue na guelra. Ao fim e ao cabo nem sempre consigo ganhar asas ou nem sempre o pardalito me diz o que quero ouvir. Já muito faz ele ao chilrear-me ao ouvido frases como, "espero que me mantenhas na tua vida". E isto é assim, eu bem tento mantê-lo, atiro-lhe migalhas gordas e tudo, mas o passareco não alinha na isca e só age quando lhe dá na cabeça. De maneira que cheguei à conclusão que os nossos relógios andam em sentido contrário. Algumas vezes atingimos a mesma hora juntos e outras vezes, só me apetece montar-lhe uma armadilha e vê-lo ser comido por falcões, águias e outras aves de grande porte.
Todo este texto está a girar à volta do meu pardaleco e está repleto de metáforas absurdas mas foi para isto que me deu hoje.
Durante esta minha ausência do blogue e em conversas com o passareco, cheguei a uma conclusão interessante. As palavras valem pelo que são. Do que me adianta estar a tentar decifrar cada palavra, cada frase da criatura? Sabem o que significa isto? It means i´m going fucking insane! Oh eu sei que Freud explica, eu também explicaria mas reluto em debruçar-me sobre a teoria porque sei que no final estaria de rastos e pronta a meter-me num convento de freiras.
E pronto. A vida segue mansamente ao contrário do meu imberbe coração que tanto atinge picos de êxtase como de calmaria. É isso, navego num mar sem remos.
"I broke the windows out your car but no, it didn´t mend my broken heart!"