Parece que a Vogue recusa-se a fazer um trabalho com a Gabourey Sidibe (actriz fenomenal que fez o filme Precious) porque ela está com peso a mais. E também porque aparentemente a revista não teria roupa grande o suficiente para vestir a jovem actriz.
Entre outras coisas, durante a cerimónia dos Óscares fizeram-se comentários indelicados ao vestido que Sidibe levava. Diziam que ela não tinha levado um vestido e sim uma tenda.
Que a rapariga está com excesso de peso, dá para ver de longe e até por uma questão de saúde, ela deveria perder alguns quilos. Mas só por uma questão de saúde e não por vaidade. Muito menos para evitar os comentários ridículos e fúteis de quem gere a Vogue ou de pessoas acéfalas e fúteis que gastam provavelmente rios de dinheiro em cirurgias e em botox para se transformarem em monstros em seguida. Como o caso da Jocelyn Wildenstein que para agradar o marido e manter viva a chama do casamento resolveu transformar-se no animal preferido do marido: um tigre. Escusado será dizer que a mulher parece uma besta fera de tão horrível que está.
Este mundo em que vivemos enfurece-me sobremaneira. Esta futilidade pavorosa, estes pseudo-conceitos de beleza absolutamente nojentos, esta mania de criticar mulheres acima do peso deixa-me com os cabelos em pé!
A Donatella Versace parece um esqueleto tostado ambulante com beiças de gorila, provavelmente para se encaixar no mundo em que se move e no entanto aceita-se mais facilmente a sua imagem ridícula do que o peso extra da Gaboury Sidibe.
É este o tal do século 21? Onde estão os iluminados? Onde estão os valores que deviam reger esta humanidade? Onde está a vontade de evoluir e de viver com o coração?
Bem sei que é um lugar comum, mas porque é que se valoriza tanto o excesso de peso? Porque razão já ninguém se importa com o coração ou o espírito do próximo? Quando foi que nos agarramos à carniça da imagem e decidimos que isso é o que mais conta nesta vida?
Porque é que uma velha de setenta e tal anos usa corpete há mais de vinte para ter uma cintura igual à da boneca Barbie? Foi para isso que as feministas queimaram o soutien em plena praça pública?