Hoje li que o Ricky Martin decidiu assumir a sua homossexualidade. A opção sexual deste latino lindo de morrer, não me interessa rigorosamente nada, o que me chamou a atenção foi a forma como ele se assumiu, ou melhor a forma como passou para o "papel" o que lhe ia na alma. Ou por outra, como se sente em relação a esta declaração.
Diz ele que precisou libertar-se de vários medos, de passar por várias experiências para conseguir chegar ao sítio onde está hoje. Para sentir-se um ser humano feliz com ele próprio e com o ambiente que o rodeia. Em suma, ele cresceu. Deu um passo evolutivo de grande importância e sabe-o. Sente-se iluminado e bem com ele próprio e é por sentir-se bem que está alheio ao que possam pensar dele.
Quando se atinge este patamar, a sensação é boa. Quase como se tivessemos acabado de cumprir uma tarefa e agora nos sentassemos à sombra da bananeira a colher os frutos. É como se tivessemos dado uma série de passos que nos conduzem para este estado de espírito. Como se tivessemos enfrentado tormentas ou a ira de Zeus, sabendo ou apenas desconfiando que a praia e a bonança se encontram lá mais à frente.
Já me senti assim várias vezes. E acho que é assim que me sinto ultimamente. Tranquila. Em paz comigo e apenas comigo. Parece-me que descobri o meu lugar no mundo, embora ainda não saiba que mundo é esse. Se Luanda, Lisboa, Reino Unido ou Estocolmo.
É evidente que de vez em quando sou sobressaltada por dúvidas e sonhos por completar mas no geral, a minha alma está bem. Devem ser os 30. Devem ser as experiências negras que passei lá atrás, numa outra vida em que os ciclos se fechavam em si mesmos e mal tinha ar para respirar.
Talvez seja a maturidade. Ou a consciência que um ciclo de cultivo se fecha diante destes meus 33 anos e que um de colheitas, se aproxima sem que sinta receio ou ansiedade. E esta sensação quase palpável traz segurança e agilidade no caminhar, ainda que a estrada vá ser irregular como em quase todas as caminhadas.
É maravilhoso estar neste estado de graça. Sinto-me capaz de abraçar gigantes, de escalar os Himalaias, de entrar sem medo num avião, de dizer que sim a uma futura união amorosa, de assumir que pelo menos um filho, pretendo ter...
Sinto-me forte o suficiente para desafiar Hércules, para decifrar Nietsche, para seguir em frente de cabeça erguida e peito inchado.
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