Friday, October 29, 2010

The logical song

"There are times when all the world is asleep, the questions run so deep for such a simple mind. Won´t you please...please tell me what´s with love? I know it sounds absurd, please tell me who I am."
Supertramp

I just lost a litle faith...

Um destes dias, a minha companheira de casa aka prima querida apanhou-me a ouvir a música "All by myself" na voz da Céline Dion. Ficou espantada a prima e logo me disse que não estava nada à espera de ouvir tal som a sair do meu computador. Mas sabem o que é? Já tenho 34 anos no lombo e continuo all by myself. Ando ensarilhada para encontrar o tal do amor que dizem fazer maravilhas à pele, ao coração e a outros orgãos que tais. De maneira que a música cabe em mim como uma luva.
Ando preocupada com a solidão. E mais preocupada ainda porque até gosto. E não gosto. Ás vezes penso que se calhar dava-me jeito ter um amiguinho que me aquecesse os pés no cacimbo ou que me levasse a jantar ou ao cinema. Ou até quem sabe, caramba, que me levasse a escalar os Alpes. Dava jeito sabem? Até para calar as más línguas que me dizem encalhada, tia e outros adjectivos perniciosos e maus para a moral. Eu, que sou uma rapariga jeitosa, inteligente, bem humorada, trabalhadora e bem...casadoira..cof cof.
Já fui super romântica e acreditem cheguei a acreditar no tal do amor, mas as desilusões, os sapos que beijei pelo caminho e ui ui foram imensos, levaram-me com jeitinho para as ruas escuras da amargura e do cinismo.
De maneira que quando com a armadura em baixo, dá-me para voltar a acreditar e ter fé. "A arte de viver da fé só não se sabe fé em quê", já cantavam os Paralamas do Sucesso.
Só que essa fé, a fé de acreditar no amor, de acreditar que existe a tampa para a minha panela (expressão à la século 20) vem com força e com mais força ainda se vai.
Pronto, sou uma desgarrada, uma sem fé. Mas o que querem? O amor raramente bate à minha porta. E quando acho que me aparece uma oportunidade, zás! Beijo na boca e o sapo aparece mais rápido que brotoejas em dias de 40 graus.
Eu sei bem o que é ficar presa na tristeza e amargura de um amor perdido. Aquele tipo de amor que nos faz ter vontade de amar até à velhice. Sei bem o que é ficar de cama. Qual doente profundamente incapacitado. Incapacitado demais para sair da cama e fazer coisas básicas como tomar banho, comer, lavar os dentes...
É uma dor na alma que atinge o corpo. É um vendaval de dúvidas, de sofrimento e de esperança mal-amanhada. De noites sem dormir. Cheguei a empapar almofadas de tanto chorar. Portanto perdoem-me por ser descrente, cínica e infeliz emocionalmente. Vejam bem, a culpa não é minha. É principalmente do T. e de mais dois ou três vândalos. A culpa é deles. E apenas 1% minha por não me terem ensinado a amar como mulher adulta. Para que é que me deram o doce? Para retalhar-me o coração em seguida? Malandros.
Mas quem sabe um dia? Como canta a minha amada Tracy Chapman: "I just lost a litle faith when you broke my heart. Given a chance I might try again. I would risk it all this time. I´d save litle love for myself. Enough for my heart to mend. Because one day I just might love again. One day some sweet smile might turn my head. One day..."
O meu amigo M. gosta de chamar-me Pingo de Mel. Nem sei porquê. Ele sabe que de docinha não tenho nada. Que o digam alguns dos meus colegas de trabalho que às vezes me dizem: "Porra, com esse teu feitio esquentado não admira que ainda não tenhas casado." Barfeeeeeee. Parvos!
Tenho 34 anos e o meu coração continua tão vagabundo como quando tinha 24 anos.

O Paulinho Cascavel

O pensamento hoje levou-me hoje ao Paulinho Cascavel. O Paulinho Cascavel (alcunha) era meu colega da secundária. Deveríamos ter na altura uns 14 ou 15 anos. Morávamos ao pé um do outro. Não me lembro do dia em que engatámos amizade. Se foi no recreio, em plena aula ou se foi pelo caminho que percorríamos para chegar a casa ou à escola. Sei que a partir do dia em que demos conta da existência um do outro, passámos a ir juntos para a escola.
Ele tinha de passar pelo meu prédio para seguir caminho, então todos os dias esperava por ele, à janela daquele terceiro andar que tanto sofrimento me trouxe, para irmos para as aulas. Não sei quais eram os temas das nossas conversas mas eu gostava muito da companhia dele e tenho a certeza que ele gostava da minha. É curioso como esse tempo parece pertencer a uma outra vida. Como não me consigo visualizar fisicamente e como não recordo as conversas que tinha com os amigos dessa época. Gabo-me de ter boa memória mas muita coisa daqueles anos malditos, desapareceram como pó levado pelo vento quente.
O Paulinho Cascavel tinha essa alcunha porque adorava jogar futebol. Lembro-me de ouvir o meu primo dizer que o Paulinho era um fuçanga com a bola. Parece que ainda vejo a casa dele. Dava para ver da varanda do meu quarto. E parece que ainda o vejo hoje: magro, cabelo liso, olhos castanho vivos.
Reencontrei-o anos depois no autocarro. Ele reconheceu-me. Sentei-me ao pé dele e conversámos como se o tempo não tivesse passado. Também não me lembro da conversa. Só lembro-me de nos encontrarmos e de parecer que o tempo tinha voltado atrás.
Ás vezes o Paulinho vem-me à memória e penso muitas vezes em ir bater à porta da casa dele. Ou de voltar à varanda do meu antigo quarto e olhar indeterminadamente para a casa que o abrigou durante tantos anos.
Não sei nada do Paulinho Cascavel. Se está vivo. Se emigrou. Se é feliz. Ou se lembra-se de mim também e se como eu, pensa em mim com carinho.
Há pessoas de quem gostamos e que não se mantêm na nossa vida. E eu acho isso triste...sim...

Wednesday, October 20, 2010

No dia a dia

Então é assim: a meio desta vida aqui na terra dos doidos e da sujeira, decidi deixar-me de merdas e enfrentar os famosos candongueiros. Enfrentei com relativa facilidade visto que o percurso que faço da minha casa até ao escritório ser bastante curto. 5 minutos num dia sem trânsito, ou seja quase nunca. Acho que foi uma boa decisão minha porque a bem ou a mal acabo por absorver mais sobre a cultura nacional. Seja a nível musical, o que significa que de vez em quando tenho de ouvir kuduro com letras bastante criativas como "tremura tremura", ou "cheira a xixi" (acreditem se quiserem). De vez em quando apanho alguns motoristas com gostos mais sensatos que se ficam pela bela voz da Yola Semedo ou pelas letras simpáticas do Anselmo Ralph. E certa vez, pasmem-se, apanhei um motorista que ouvia Lena D´Água (cantora portuguesa) a trinar o velho refrão "sempre que o amor me quiser."
A música é uma forma de me aculturar indirectamente mas as conversas são a obra-prima do aculturamento involuntário. Ontem saí de casa às 9h30 e estava de chuva. Resultado: trânsito infernal o que fez com que o motorista de serviço fizesse uma rota diferente para chegar ao destino. O cobrador perguntou-me se estava bem assim. Eu sacudi os ombros em jeito de assentimento e acrescentei, "desde que aí o mano conduza como deve ser, tudo bem."
O tal do caminho diferente também estava ligeiramente engarrafado e começava a ficar aborrecida até ao tutano quando de repente, os restantes passageiros (todos homens) começam a trocar ideias sobre as irmãs siamesas que foram para Portugal a fim de serem separadas. Os médicos da PT mandaram-nas para trás porque as crianças estão unidas pelo mesmo coração. Diante do facto, um dos passageiros perguntou e bem, "mas os nossos médicos aqui não viram mesmo que elas só têm um coração? Só se separam os siameses quando eles têm dois coração. Esses nossos médicos assim andam a fazer o quê então?"
Sim, foi uma boa pergunta e toda a gente assentiu com a cabeça. Menos um senhor que ia ao meu lado e disse,"você mesmo não sabe como funciona a medicina em Angola? Se até os governantes vão para fora para se tratar, xé."
Triste verdade. Toda a gente abanou as cabeças como que a dizer, "este país mesmo tá perdido."
Entre os olhares de desesperança, diz um viajante, "esse pai das bebés agora não vai querer mais fazer filho com essa mulher. Ela assim só lhe dá filhos desses." O que ele foi dizer. Estava a preparar-me para soltar o verbo quando o meu colega do lado soltou, "não tem nada a ver. O problema é do tal homem. Ela assim também se calhar não quer mais nada com esse aí." Seguiu-se mais outro silêncio, quebrado pelo som da rádio religiosa que pairava no ar, apesar dos protestos dos viajantes.
De repente ouço: "mas essas mulheres também. Toda a hora a fazer a manifestação contra a violência. Mas e nós homens? Vocês nos violentam bem mal (a esta altura o homem estava a olhar para mim) e nós não fazemos essas marchas, pá. O que vocês nos fazem dentro de casa não é de bem. Não é de bem, minha senhora", terminou ele dirigindo-se a mim. Desatei a rir como uma perdida. O sotaque caricato do homem, a escolha de palavras e a expressão facial provocou em mim um riso non-stop. Ele continuou: "porque a essa hora numa casa qualquer, está um indíviduo bem trombudo a passar a própria calça a ferro porque a mulher diz que não passa porque, ah quem te mandou chegar tarde ontem à noite? Vocês nos violentam. Isso assim não é de bem." Eu continuava a rir com as lágrimas nos olhos. Ele olhou para mim e perguntou: " e se a gente também fosse então marchar aí contra vocês?" Respirei fundo e sem conseguir parar de rir disse: "mas senhor, vocês estão à vontade para isso. Vão então marchar por aí."
O homem ficou muito sério e respondeu que não, que eles mesmo não querem andar aí a marchar desordeiramente como nós mulheres. Chegámos finalmente ao nosso destino e desci a rir. Caminhei até ao escritório a rir. Entrei a rir e comecei a trabalhar a rir.
Tenho de começar a gravar estas conversas de ocasião. Sem dúvida.
Passei meses e meses a beber chá verde, todos os dias. Começava de manhã bem cedo e acabava ao final do dia. Diz que o chá verde deixa a pele maravilhosa (nada a contestar) e que ajuda a emagrecer. Estou mais magra, eu? NÃO!

Monday, October 18, 2010

Boas notícias

Ontem vi-me obrigada a assistir o noticário da TPA, estação pública cá da terrinha, porque os meus canais por cabo estavam fora de serviço, sabe-lá-Deus-porquê. Não quero ser má língua mas assistir o canal público dá-me brotoejas porque a falta de conteúdo é abismal, as notícias não são imparciais, os locutores não sabem o que é falar bom português e por aí vai. Bom, mas ontem não tive outro remédio e até calhou bem. Fiquei a saber que os taxistas vulgo candongueiros, passam a cobrar a partir de hoje cem cuanzas aos passageiros. Até aqui nenhuma novidade porque os sacanas já andavam a cobrar esse valor há muito tempo quando na realidade deveriam cobrar cinquenta cuanzas. O que eu gostei de ver, foi o presidente da ATL (Associação dos Taxistas de Luanda) a dizer que aqueles que tentarem cobrar mais do que o estipulado serão duramente penalizados. O homem apelou aos cidadãos para serem os fiscalizadores desta classe, uma vez que a Polícia Económica não pode estar em todo o lado. Em caso de sobrefacturação, deve-se contactar a ATL e denunciar os indíviduos em questão. Lamentavelmente, o tal do presidente não levou os contactos telefónicos da associação. Mas está dado o recado. São notícias como esta e formas de pensar como esta que me dão alguma alegria, no meio desta merda onde todos vivemos.

Tempos austeros na PT

O governo português declarou oficialmente que os tempos são de austeridade. Esta coisa da austeridade é relativa. Quando eles, entenda-se governo, falam de austeridade referem-se ao zé povinho. O que eles querem realmente dizer é: "lamento imenso povo português, mas vamos acabar de vos enfiar o dedo no cu." Perdoem-me o palavreado mas não encontro outra forma de me expressar. Estou solidária com a malta lá na PT. Aqui na terra dos doidos não sinto a crise mas sei que por lá a coisa está preta. Sei-o pelas notícias e sei-o pela boca dos amigos. Estou solidária com os portugueses e lamento profundamente que aqueles políticos de meia tigela não saibam gerir o país. É assim que querem seguir os passos da comunidade europeia?? Por favor. Deixem-se de corrupções, de projectos inúteis e abandonem o provincianismo que vos está no sangue. Abram a cabeça e pensem a longo prazo. Jesus. Isto até me provoca náuseas!

Era só o que faltava



A Brigite Bardot pondera candidatar-se à presidência francesa. A notícia em si não me espanta. Ela sempre teve opiniões bastante politizadas. Agora, duvido que consiga ser eleita e espero realmente que não o seja. Eu diria que já basta a França ter um presidente xenófobo quanto mais uma boneca de porcelana que dissemina as suas ideias racistas com a maior das naturalidades.

Corrupção vs transparência

Li algures num site, penso que no da Laurinda Alves (infelizmente não encontrei o post) que os governantes suecos são bastante transparentes no que diz respeito às suas contas. Eu já sabia disso, só não sabia que existe um site onde o cidadão pode espreitar de vez em quando a quantas andam os gastos dos seus governantes. Ao contrário do que acontece em países como o meu - neste caso falo de Angola - onde a corrupção está a céu aberto qual esgoto imundo, grande parte dos deputados suecos mora em habitações modestas e outra grande parte desloca-se para o parlamento de bicicleta. Fantástico, não acham?
Em Angola, os governantes passeiam-se em viaturas topo de gama, moram em vivendas imensas protegidas da curiosidade alheia, viajam para o estrangeiro quando sofrem de alguma maleita, condicionam as auto-estradas com aparato militar porque cagam-se nas ceroulas com medo de serem assassinados e por aí vai o nepotismo desta gentalha que suspostamente representa o povo. É triste viver no terceiro mundo, sabem? É frustrante morar numa terra onde os poderoso fazem o que querem e ainda dizem: "você sabe quem eu sou?"
Esta minha alma europeia (sim, que tenho sangue português nas veias) não tolera estas merdas. Quando vejo o exemplo da Suécia, fico positivamente arrepiada porque para mim, a transparência sueca significa RESPEITO pelos cidadãos e EVOLUÇÃO e isso dá-me alguma confiança na humanidade. Os governantes angolanos e todos os outros que estão agarrados ao poder como se de algo divino se tratasse, estão a anos-luz de compreender o significado destas duas palavras.
Há seis anos que aturo a pequenez que paira sobre a sociedade angolana e digo-vos pá, estou farta até ao tutano! Sinto cada vez mais que o meu tempo aqui na terra dos doidos está a findar. Aleluia!
Gostava de colocar aqui o link para o site sobre a transparência sueca, mas infelizmente não sei mais onde o encontrar...

Friday, October 15, 2010

Por um mundo melhor: abaixo a violência doméstica.

Ao trabalhar voluntariamente para o Global Voices Online tanto como autora como tradutora (inglês/português), deparei-me com a triste história de uma mulher arménia que morreu às mãos do marido e da sogra. Zaruhi Petrosyan tinha vinte anos, era mãe de dois filhos e estava casada há dois com um animal que lhe batia constantemente. Zaruhi partiu para o outro mundo com uma hemorragia cerebral, um dedo partido e hematomas espalhados pelo corpo. O motivo da sova fatal? Dinheiro.
Como acontece em vários países do mundo, a Arménia não é excepção, a família apresentou queixa à polícia por duas vezes que por sua vez deixou-se estar de braços cruzados. O estigma da violência doméstica, de falar-se abertamente sobre o assunto é muito forte e razão para vergonhas. Os governantes arménios dão-se inclusive ao luxo de dizerem que tal problema não existe. A prova da não existência de casos de abuso está à vista.
Quando estava a traduzir o texto, pensei na quantidade de mulheres que sofrem este tipo de abusos. Mulheres que engolem a dor, silenciam os grunhidos dos maridos e que fecham-se em si mesmas por não terem para onde fugir. Em pleno século 21 presenciamos ainda situações bárbaras como esta e acabo por perguntar-me quando chegará a tão aclamada evolução mundial?
Se quiserem inteirar-se do desafortúnio da Zaruhi, cliquem aqui. O texto está em inglês. Não sei quando sairá a tradução que fiz para português. A acompanhar a notícia, está um vídeo onde a irmã e a mãe da pobre rapariga assassinada relatam uma história assombrosa de violência.
Existe uma petição a circular que chegará (assim espero) às mãos do primeiro-ministro arménio, com o intuito de promulgarem uma lei contra a violência doméstica. Já se conseguiram 2,063 assinaturas. Pretende-se chegar às 3000. Contribuam por favor. Basta clicarem aqui.

Thursday, October 7, 2010

Eu, futuramente na Londónia



Ir ao Reino Unido, mais concretamente a Londres, sempre foi um sonho de consumo que me fazia roer as entranhas de cada vez que me lembrava de como parecia difícil de realizar. Felizmente, a minha vida tem um novo rumo e a situação financeira melhorou bastante, bem como a força de vontade de fazer o que me dá na cabeça. Sendo assim, decidi que para o ano vou pisar nessa terra fria outrora comandada pelo rei Henrique VIII.
Londres é a terra dos meus sonhos. A que povoa o meu imaginário com a mistura de gente que ali mora e com a cultura fervilhante e fresquinha que só os habitantes do primeiro mundo têm o prazer de consumir na hora, qual pão quentinho acabado de sair do forno.
Se a vida me permitir, estarei por lá em Março. Quero ir a Portugal claro, já que há um ano que o pessoal de lá não me põe a vista em cima e da Lusitânia conto viajar para Londres onde pretendo flanar a alma, o coração e todos os poros do meu ser. Tenho lá uma amiga dos tempos da adolescência com quem converso todos os dias por email e mais três ou quatro almas simpáticas a quem posso levar a minha joie de vivre.
O plano é expandir a minha bagagem cultural naturalmente, e afundar o fígado nos mil e quinhentos bares que me aparecerem à frente. Sem perder de vista os espécimes masculinos que por enquanto ainda sou solteira e boa rapariga. Penso que uma semana, pronto, uma semana e meia será suficiente para realizar o sonho ou deixá-lo morrer.
Se tiver euros a mais no bolso, gostaria de embarcar no famoso TGV, aquele comboio biónico que atravessa o Canal da Mancha (outro desejo por realizar) e dar com os costados em Paris. Não só para conhecer a cidade do amor e toda a história secular que a envolve mas como para reencontrar o meu "amigo" francês, com quem não tenho uma conversa decente há meses. De Paris regresso a casa, entenda-se Lisboa, e de lá volto para esta terra vermelha que me causa brotoejas em dias maus.
Parece um bom plano, não acham? Agora toca a juntar dinheiro porque sou filha de um intelectual e de uma mulher que vende bebidas à porta de casa e nenhum deles tem uma conta bancária daquelas de meter inveja.
Bom, mas toda esta conversa surgiu porque há que realizar os nossos sonhos enquanto temos força e capacidade financeira para isso. A vida é demasiado ténue para a estagnarmos em desculpas mil. Portanto, toca a pôr em movimento as rodas da realização!

34 anos na conta da vida

Fiz 34 aos esta semana e passei-os aqui em Luanda. Digo isto porque no ano passado, celebrei o meu aniversário em Lisboa onde deixei-me raptar por quatro almas amigas que me levaram até ao Marvão a uma feira islâmica. Foi bastante divertido. Bebemos todo o tipo de ginjas disponíveis na feira, bebemos chás, comprámos artigos islâmicos, comemos e quando regressavamos à cidade capital chovia a cântaros o que é algo que me reconforta a alma desde sempre. Bom, mas issos são águas passadas.
Este ano passei-o sozinha na minha fantástica casa a ouvir música e a bebericar uma cerveja preta que agora faz parte da minha lista de pingas favoritas. Pensei que iria ficar deprimida o dia todo, visto que os quarenta estão à porta e a morte passa a ser a cada ano um dado adquirido e cada vez mais, tema para reflexão. Mas felizmente o meu estado de espírito estava nas alturas. Energia positiva a rebentar pelas costuras e amor para dar e vender, graças em parte à quantidade fabulosa de mensagens que recebi no facebook de seres amados e almas boas como a minha.
Apesar de ter passado o dia fisicamente sozinha, a verdade é que senti-me bastante acompanhada. Os amigos mesmo à distância fizeram-se presentes e fechei o dia com chave de ouro por saber que sou muito amada e especial e que portanto, devo estar a viver a vida como deve ser.
Ao sentir-me muito amada e francamente especial, ocorreu-me uma sensação reconfortante. A de sentir o amor fluir em mim como raios de luz que nos trespassam a meio de manhãs dominadas pelo sol. Foi como se as minhas grades interiores se tivessem desbloqueado sozinhas e tudo o que eu sou corresse como um rio em finais de tarde povoados por pássaros viajantes. Como se estivesse finalmente confortável na minha pele. E desta sensação veio o pensamento de que sou capaz de partilhar o amor que guardo em mim e de partilhar a vida com outro ser que era coisa que jamais imaginava. Não só por ser independente demais mas igualmente por fraqueza.
De maneira que esta semana está a ser maravilhosa. Descubro-me e agarro-me à vida com entusiasmo, porque só assim ne sinto verdadeiramente viva.

Ó vida