Um destes dias, a minha companheira de casa aka prima querida apanhou-me a ouvir a música "All by myself" na voz da Céline Dion. Ficou espantada a prima e logo me disse que não estava nada à espera de ouvir tal som a sair do meu computador. Mas sabem o que é? Já tenho 34 anos no lombo e continuo all by myself. Ando ensarilhada para encontrar o tal do amor que dizem fazer maravilhas à pele, ao coração e a outros orgãos que tais. De maneira que a música cabe em mim como uma luva.
Ando preocupada com a solidão. E mais preocupada ainda porque até gosto. E não gosto. Ás vezes penso que se calhar dava-me jeito ter um amiguinho que me aquecesse os pés no cacimbo ou que me levasse a jantar ou ao cinema. Ou até quem sabe, caramba, que me levasse a escalar os Alpes. Dava jeito sabem? Até para calar as más línguas que me dizem encalhada, tia e outros adjectivos perniciosos e maus para a moral. Eu, que sou uma rapariga jeitosa, inteligente, bem humorada, trabalhadora e bem...casadoira..cof cof.
Já fui super romântica e acreditem cheguei a acreditar no tal do amor, mas as desilusões, os sapos que beijei pelo caminho e ui ui foram imensos, levaram-me com jeitinho para as ruas escuras da amargura e do cinismo.
De maneira que quando com a armadura em baixo, dá-me para voltar a acreditar e ter fé. "A arte de viver da fé só não se sabe fé em quê", já cantavam os Paralamas do Sucesso.
Só que essa fé, a fé de acreditar no amor, de acreditar que existe a tampa para a minha panela (expressão à la século 20) vem com força e com mais força ainda se vai.
Pronto, sou uma desgarrada, uma sem fé. Mas o que querem? O amor raramente bate à minha porta. E quando acho que me aparece uma oportunidade, zás! Beijo na boca e o sapo aparece mais rápido que brotoejas em dias de 40 graus.
Eu sei bem o que é ficar presa na tristeza e amargura de um amor perdido. Aquele tipo de amor que nos faz ter vontade de amar até à velhice. Sei bem o que é ficar de cama. Qual doente profundamente incapacitado. Incapacitado demais para sair da cama e fazer coisas básicas como tomar banho, comer, lavar os dentes...
É uma dor na alma que atinge o corpo. É um vendaval de dúvidas, de sofrimento e de esperança mal-amanhada. De noites sem dormir. Cheguei a empapar almofadas de tanto chorar. Portanto perdoem-me por ser descrente, cínica e infeliz emocionalmente. Vejam bem, a culpa não é minha. É principalmente do T. e de mais dois ou três vândalos. A culpa é deles. E apenas 1% minha por não me terem ensinado a amar como mulher adulta. Para que é que me deram o doce? Para retalhar-me o coração em seguida? Malandros.
Mas quem sabe um dia? Como canta a minha amada Tracy Chapman: "I just lost a litle faith when you broke my heart. Given a chance I might try again. I would risk it all this time. I´d save litle love for myself. Enough for my heart to mend. Because one day I just might love again. One day some sweet smile might turn my head. One day..."
3 comments:
Moça acho que todo mundo foi ensinado a amar errado. Aquele amor de cinema que é pra sempre e muda tudo e é perfeito. Leva tempo até a gente entender que as coisas não são bem assim e que estamos lidando com seres humanos que são tão falhos quanto nós mesmos. Talvez até exista o amor, mas não como é vendido nas bancas das livrarias.
Um abraço.
Mas eu não estou a falar de amor cinematográfico. Falo do amor banal. Se o amor é no chão já é f* de encontrar, imagina o amor de cinema hahahaha.
Bj
Clara, parece que você está falando de mim... Um abração da Lu!
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