Wednesday, July 23, 2008

Eram tempos puros e dóceis naquele tempo em que eu cresci. Em que o tempo morria devagar. Em que a brisa da tarde de Verão chegava quente e sonolenta. Dias passados entre oliveiras carregadas de azeitonas amargas e pequenas. Horas com o corpo deitado no mato selvagem enquanto se observava ao longe o burro do vizinho. O velhote desapareceu anos depois. Ninguém sabe se morreu ou se partiu para outras paragens.
Naqueles dias não se sentia o corpo juvenil. Ignorava-se os peitos cada vez maiores. Os pêlos debaixo dos braços. Corria-se à volta do bairro com um só fôlego. Jogava-se à cirumba à frente de casa com a melhor amiga da altura. Os bolsos estavam sempre carregados de ameixas vermelhas e doces.
E então de repente, a vida entrou pela porta da frente...

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