All i ever wanted.All i ever needed is here in my arms.Words are very unnecessary. They could only do harm...
Friday, September 26, 2008
Aviso à navegação: o ilustre escritor José Saramago tem um blog. Pois é, parece que o homem decidiu aderir ao mundo infindável da blogoesfera. Isto depois de ter dito que iria escrever sempre à mão e que jamais iria aderir às novas tecnologias.
Não sou entusiasta da obra do prémio Nobel, mas espero mudar de opinião com os seus escritos divulgados em http://caderno.josesaramago.org
Não sou entusiasta da obra do prémio Nobel, mas espero mudar de opinião com os seus escritos divulgados em http://caderno.josesaramago.org
Wednesday, September 24, 2008
E os dias passam. Passam. Passam assim sem te dares conta.
És inundado pelo delicioso cheiro a maçã polvilhada com canela.
Mas os dias passam. E passam. Não se detêm diante dos teus prazeres.
A cama redonda que compraste há dias ainda não conhece o teu corpo.
Porque os dias passam. Passam. Passam. E deixam no ar o odor a água salgada.
És inundado pelo delicioso cheiro a maçã polvilhada com canela.
Mas os dias passam. E passam. Não se detêm diante dos teus prazeres.
A cama redonda que compraste há dias ainda não conhece o teu corpo.
Porque os dias passam. Passam. Passam. E deixam no ar o odor a água salgada.
Thursday, September 18, 2008
Da minha safra
I
Terra vermelha é o que mais vê da janela do avião. Debruça-se para ver melhor as casas apinhadas e a pouca vegetação que se agigantam para o receber. Sente um frio na barriga porque de repente apercebe-se que a vida vai mudar da água para o vinho. Fecha os olhos e pensa nos amigos que deixou para trás. Ainda não pousou os pés em Angola mas já se arrepende da decisão de vir para o país que o viu nascer mas que abandonou com tenra idade.
Quando a porta do grande pássaro se abre, sente o ar quente e abafado. Percebe através das vidraças do pequeno aeroporto o movimento de gente e deseja que o pai ali esteja para o levar rumo ao desconhecido. O barulho dentro da sala onde espera pela mala é ensurdecedor e a demora pela bagagem exaspera-o. Quando por fim vê os seus pertences, decide caminhar em passos firmes para a saída onde encontra o pai de rosto envelhecido mas de sorriso aberto. Abraçam-se e entram no carro. Felizmente rodam a cidade embalados pela frescura do ar condicionado. Não presta atenção às palavras do pai e vai suspirando à medida que vê lixo empilhado nas ruas, crianças ranhosas e em cuecas a correr entre ratos e porcos pretos e a condução inconsequente de motoristas sem medo da morte.
II
Quatro anos se passaram e algumas coisas mudaram para melhor. Habituou-se ao caos da cidade e aplaudiu as melhorias feitas um pouco por todo o país. Deixava-se incentivar pelos pais e pelos poucos amigos que fizera e acreditava ter razões para continuar no país. Mas secretamente, deitado na cama à noite, sonhava com a terra onde crescera.
Tinha encontrado um bom emprego e sentia-se feliz com o trabalho que desenvolvia. Dava-se bem com os colegas e combinavam saídas juntos. As sextas feiras eram sagradas e ao som da kizomba e do rock, sacudia o corpo num frenesim apenas explicado pela luta interna com que se debatia diariamente.
Mantinha dois namoricos ao mesmo tempo mas com nenhuma pensava casar. Elas tentavam agarrá-lo com danças sensuais, gestos explícitos e doçuras treinadas em casa. Mas ele sabia fugir-lhes, não se prendendo a nada nem a ninguém.
Aos fins-de-semana pegava no carro e ia para longe da cidade. Refugiava-se na praia sozinho com os seus livros e observava o mar e o pôr-do-sol, imaginando a vida que poderia construir na terra que o viu nascer ou voltando para os braços da terra onde deixara raízes e amores perdidos.
III
E um dia conheceu uma mulher encantadora de longos cabelos negros que nada tinha a ver consigo. Ela era espontânea, bem humorada e tinha uma independência felina que o fascinara. Largou os namoricos e cercou-a de todas as maneiras. Foi uma luta renhida porque embora ela desejasse cair-lhe nos braços, fugia dele como o diabo da cruz. Até ao dia em que ele lhe disse que ia partir para a terra de onde nunca devia ter saído. Ela chorou e implorou para que ele ficasse. Cantou-lhe ao ouvido e fez promessas de amor. E o romance entre os dois foi vivido intensamente. Nunca casaram mas tiveram uma filha. Ela trabalhava numa ONG e dedicava grande parte do tempo às actividades profissionais, faltando a muitos compromissos familiares e descurando a criação da filha.
E numa noite fria de cacimbo, ela partiu-lhe o coração dizendo que se ia embora. Ele agarrou-se à filha e perguntou-lhe porque partia e para onde. Disse-lhe que o país era pequeno demais para ela e que o amor se tinha reduzido a pó. Um pó que se colava à pele e que dava comichão.
Ela apanhou o primeiro avião do dia seguinte. Ele soube mais tarde que ela estava na África Sul mas em momento nenhum pensou ir atrás dela. Sozinho com a filha, pensou regressar ao país que abandonara quatro anos antes. E agora tinha um bom motivo para voltar.
Mas qualquer coisa dentro dele fê-lo mudar de ideias. Até hoje não sabe se foi o olhar doce da filha. O medo de regressar. Ou o amor pela terra que o viu nascer.
Terra vermelha é o que mais vê da janela do avião. Debruça-se para ver melhor as casas apinhadas e a pouca vegetação que se agigantam para o receber. Sente um frio na barriga porque de repente apercebe-se que a vida vai mudar da água para o vinho. Fecha os olhos e pensa nos amigos que deixou para trás. Ainda não pousou os pés em Angola mas já se arrepende da decisão de vir para o país que o viu nascer mas que abandonou com tenra idade.
Quando a porta do grande pássaro se abre, sente o ar quente e abafado. Percebe através das vidraças do pequeno aeroporto o movimento de gente e deseja que o pai ali esteja para o levar rumo ao desconhecido. O barulho dentro da sala onde espera pela mala é ensurdecedor e a demora pela bagagem exaspera-o. Quando por fim vê os seus pertences, decide caminhar em passos firmes para a saída onde encontra o pai de rosto envelhecido mas de sorriso aberto. Abraçam-se e entram no carro. Felizmente rodam a cidade embalados pela frescura do ar condicionado. Não presta atenção às palavras do pai e vai suspirando à medida que vê lixo empilhado nas ruas, crianças ranhosas e em cuecas a correr entre ratos e porcos pretos e a condução inconsequente de motoristas sem medo da morte.
II
Quatro anos se passaram e algumas coisas mudaram para melhor. Habituou-se ao caos da cidade e aplaudiu as melhorias feitas um pouco por todo o país. Deixava-se incentivar pelos pais e pelos poucos amigos que fizera e acreditava ter razões para continuar no país. Mas secretamente, deitado na cama à noite, sonhava com a terra onde crescera.
Tinha encontrado um bom emprego e sentia-se feliz com o trabalho que desenvolvia. Dava-se bem com os colegas e combinavam saídas juntos. As sextas feiras eram sagradas e ao som da kizomba e do rock, sacudia o corpo num frenesim apenas explicado pela luta interna com que se debatia diariamente.
Mantinha dois namoricos ao mesmo tempo mas com nenhuma pensava casar. Elas tentavam agarrá-lo com danças sensuais, gestos explícitos e doçuras treinadas em casa. Mas ele sabia fugir-lhes, não se prendendo a nada nem a ninguém.
Aos fins-de-semana pegava no carro e ia para longe da cidade. Refugiava-se na praia sozinho com os seus livros e observava o mar e o pôr-do-sol, imaginando a vida que poderia construir na terra que o viu nascer ou voltando para os braços da terra onde deixara raízes e amores perdidos.
III
E um dia conheceu uma mulher encantadora de longos cabelos negros que nada tinha a ver consigo. Ela era espontânea, bem humorada e tinha uma independência felina que o fascinara. Largou os namoricos e cercou-a de todas as maneiras. Foi uma luta renhida porque embora ela desejasse cair-lhe nos braços, fugia dele como o diabo da cruz. Até ao dia em que ele lhe disse que ia partir para a terra de onde nunca devia ter saído. Ela chorou e implorou para que ele ficasse. Cantou-lhe ao ouvido e fez promessas de amor. E o romance entre os dois foi vivido intensamente. Nunca casaram mas tiveram uma filha. Ela trabalhava numa ONG e dedicava grande parte do tempo às actividades profissionais, faltando a muitos compromissos familiares e descurando a criação da filha.
E numa noite fria de cacimbo, ela partiu-lhe o coração dizendo que se ia embora. Ele agarrou-se à filha e perguntou-lhe porque partia e para onde. Disse-lhe que o país era pequeno demais para ela e que o amor se tinha reduzido a pó. Um pó que se colava à pele e que dava comichão.
Ela apanhou o primeiro avião do dia seguinte. Ele soube mais tarde que ela estava na África Sul mas em momento nenhum pensou ir atrás dela. Sozinho com a filha, pensou regressar ao país que abandonara quatro anos antes. E agora tinha um bom motivo para voltar.
Mas qualquer coisa dentro dele fê-lo mudar de ideias. Até hoje não sabe se foi o olhar doce da filha. O medo de regressar. Ou o amor pela terra que o viu nascer.
Auto
32 anos empoleirada à janela da vida sem nada para ver além dos limites da estrada negra que jazia ao fundo da rua.
32 anos sem conceber o amor de ser amada ou de morrer extenuada nos braços do primeiro ladrão de sonhos.
32 anos apodrecida dentro do armário sem portas. Encaixada como marionete entre roupas velhas e esburacadas com cheiro a naftalina.
32 anos orfã de alma e de pais. Criada pela avó rigorosa e de língua afiada que passava por idosa bondosa e paciente com aquela neta que não saía da janela.
32 anos virgem e carente de afagos e objectivos.
32 anos a arranjar coragem para largar a vida de janela e começar a viver como faziam as outras.
32 anos a libertar-se de complexos e tristezas profundas.
32 anos para aprender a sorrir.
E ela agora ri com vigor. Como se a vida começasse aos 32 anos. Sem bagagens pesadas demais e sem pesadelos habitados por monstros de dentes grandes e pele brilhante.
32 anos sem conceber o amor de ser amada ou de morrer extenuada nos braços do primeiro ladrão de sonhos.
32 anos apodrecida dentro do armário sem portas. Encaixada como marionete entre roupas velhas e esburacadas com cheiro a naftalina.
32 anos orfã de alma e de pais. Criada pela avó rigorosa e de língua afiada que passava por idosa bondosa e paciente com aquela neta que não saía da janela.
32 anos virgem e carente de afagos e objectivos.
32 anos a arranjar coragem para largar a vida de janela e começar a viver como faziam as outras.
32 anos a libertar-se de complexos e tristezas profundas.
32 anos para aprender a sorrir.
E ela agora ri com vigor. Como se a vida começasse aos 32 anos. Sem bagagens pesadas demais e sem pesadelos habitados por monstros de dentes grandes e pele brilhante.
Wednesday, September 10, 2008
Desde que vim morar para cá que tenho uma visão bastante crítica e dura do sistema de governação dos angolanos e da assombrosa falta de consciência cívica da maioria da população. Mas depois destas eleições, devo dizer que estou bastante orgulhosa do show de democracia e transparência que Angola deu aos restantes países africanos.
Tuesday, September 9, 2008
Angola foi a votos
Angola viveu o seu momento histórico pacificamente. Fomos todos a votos e de seguida (conforme o comunicado do governo) recolhemo-nos em casa até ao dia seguinte. Apesar da falta de organização detectada em algumas assembleias de voto, o processo eleitoral decorreu de forma transparente e foi visionado por observadores internacionais.
Angola mostra ao mundo que está empenhada na democracia e que não pretende repetir o terrível conflito vivido em 92.
Sem muita surpresa, a vitória esmagadora foi para o partido no poder. O MPLA conquistou nada mais nada menos do que 81% dos votos contra os 10% dos votos angariados pela UNITA, maior partido da oposição e responsável há dezasseis anos atrás pelo retorno do conflito armado.
Apesar de todos sabermos que os governantes do MPLA não passam de um bando de corruptos, o povo escolheu-os para governar esta Angola em desenvolvimento. O governo terá a chance de terminar obras megalómonas, de desenvolver ainda mais a economia, de atirar-nos areia para os olhos e continuar a sacar o pão da boca dos infelizes.
Votei no MPLA porque era preciso, mas não tenho esperança que eles ajam com honestidade...
Angola mostra ao mundo que está empenhada na democracia e que não pretende repetir o terrível conflito vivido em 92.
Sem muita surpresa, a vitória esmagadora foi para o partido no poder. O MPLA conquistou nada mais nada menos do que 81% dos votos contra os 10% dos votos angariados pela UNITA, maior partido da oposição e responsável há dezasseis anos atrás pelo retorno do conflito armado.
Apesar de todos sabermos que os governantes do MPLA não passam de um bando de corruptos, o povo escolheu-os para governar esta Angola em desenvolvimento. O governo terá a chance de terminar obras megalómonas, de desenvolver ainda mais a economia, de atirar-nos areia para os olhos e continuar a sacar o pão da boca dos infelizes.
Votei no MPLA porque era preciso, mas não tenho esperança que eles ajam com honestidade...
Monday, September 1, 2008
O meu querido Luciano Alves, do blog "Máquina de Letras" sugeriu que escrevessemos numa lista de cinco tópicos, o que preferíamos fazer ao invés de ver a propaganda eleitoral dos partidos na televisão. A unica coisa que ele pediu foi criatividade nas respostas. Como de criativa não tenho nada, cá vão as minhas opções:
1- fazer amor com o amor da minha vida
2- comer moamba de galinha
3- ver CSI Las Vegas no AXN
4- escrever poesia
5- estar na rua a sentir o cheiro a terra molhada
1- fazer amor com o amor da minha vida
2- comer moamba de galinha
3- ver CSI Las Vegas no AXN
4- escrever poesia
5- estar na rua a sentir o cheiro a terra molhada
Living for the city
A boy is born in hard time Mississippi
Surrounded by four walls that ain´t so pretty
His parents give him love and affection
To keep him strong moving in the right direction
Living just enough, just enough for the city
His father works some days for fourteen hours
And you can bet he barely makes a dollar
His mother goes to scrub the floors for many
And youd best believe she hardly gets a penny
Living just enough, just enough for the city
His sisters black but she is shonuff pretty
Her skirt is short but lord her legs are sturdy
To walk to school shes got to get up early
Her clothes are old but never are they dirty
Living just enough, just enough for the city
His hair is long, his feet are hard and gritty
He spends his life walking the streets of new york city
Hes almost dead from breathing in air pollution
He tried to vote but to him theres no solution
Living just enough, just enough for the city
I hope you hear inside my voice of sorrow
And that it motivates you to make a better tomorrow
This place is cruel no where could be much colder
If we dont change the world will soon be over
Living just enough, stop giving just enough for the city!
Stevie Wonder
Surrounded by four walls that ain´t so pretty
His parents give him love and affection
To keep him strong moving in the right direction
Living just enough, just enough for the city
His father works some days for fourteen hours
And you can bet he barely makes a dollar
His mother goes to scrub the floors for many
And youd best believe she hardly gets a penny
Living just enough, just enough for the city
His sisters black but she is shonuff pretty
Her skirt is short but lord her legs are sturdy
To walk to school shes got to get up early
Her clothes are old but never are they dirty
Living just enough, just enough for the city
His hair is long, his feet are hard and gritty
He spends his life walking the streets of new york city
Hes almost dead from breathing in air pollution
He tried to vote but to him theres no solution
Living just enough, just enough for the city
I hope you hear inside my voice of sorrow
And that it motivates you to make a better tomorrow
This place is cruel no where could be much colder
If we dont change the world will soon be over
Living just enough, stop giving just enough for the city!
Stevie Wonder
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