O dia ficou repentinamente cinzento e apanhou-a sentada na esplanada do café. Fechou o livro e começou a admirar os primeiros sinais de chuva. Apertou o casaco e encolheu-se na cadeira. Deu mais um gole no café que escaldava à sua frente e estendeu a mão ao homem sentado na cadeira ao lado. Fechou os olhos curiosos e deixou-se invadir pelo pré-cheiro a relva molhada. E então veio a primeira leva de chuva. Chuva grossa e melodiosa. Sentiu que lhe apertavam a mão com força e veio-lhe um arrepio à espinha. Mostrou o sorriso branco e num ápice saltou da cadeira e foi pular à chuva. Ali, debaixo de uma carga de água torrencial, lavou a alma de cor indefinida. Ela não sabia que estava triste até ter sentido a verdadeira felicidade ensopar-lhe os ossos e os pensamentos negros...
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