Tuesday, June 17, 2008

As viagens realizadas inconscientes são dolorosas. As realizadas de forma consciente são levemente dolorosas. Compra-se o bilhete umas vezes ao desbarato e outras nem por isso. Quando desconhecemos a nossa paragem, perguntamos ao motorista qual é o destino final. Ás vezes o comboio pára na terra do nunca e outras vezes na terreola dos sem medo. Não existem meios termos, nem meias sensações. As coisas são como são porque a vida não está para contemplações. A viagem prossegue mesmo que tenhamos rasgado o corpo, vendido a alma ou entregue a sexualidade ao primeiro ladrão de tesouros. O bilhete está pago e não há volta a dar. Não existem refeições durante o percurso. Alimentamo-nos de pó e ar seco. Entra tudo no organismo como partículas inócuas. Juntam-se a uma vida de interrogações e impulsos. Não há necessidade de água, sumos ou vinho. Matamos a sede com o suor do nosso rosto, com a angústia de uma vida vivida e embalada a seco. Ali somos todos carne para canhão. O nosso destino é abastecer o grande monstro que é a vida.Umas vezes partimos com essa consciência, mas na maior parte das vezes levamos debaixo do braço, a ignorância e ingenuidade.

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