Estou atacada pelos nervos. Pela puta da tesão mal correspondida. Pelos versos amadores que me declamaram. Pela dobrada que me obrigaram a comer.
Estou fodida. Mal fodida por uma vida sem sentido e sem paixão. Por um abraço que não veio. Por um beijo com sabor a terra.
Estou enjoada. Não quero este filho. Esta alma. Tenho saudades. Mas está toda a gente longe. Sinto-me desconsolada e desamparada. Cheira mal dentro deste meu armário. As roupas tresandam a ausência.
Tenho dores. Rangem-se-me as articulações. Os ossos dão de si. Os dentes vão caindo. Sei que a puta da velhice vem a caminho.
Faço-me à estrada. Mas está escuro e estes óculos de sol não fazem efeito.
Preciso de um banho...
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