Foi assim que ele terminou com ela. A coisa aconteceu numa tarde quente de Verão. Estavam acampados no bonito e sossegado parque de Aljezur. Os dias passavam à velocidade da luz, porque a paixão tem dessas coisas. E enquanto a noite desdobrava-se num manto negro, aqueles dois corpos explodiam e fragmentavam-se como pedaços coloridos de vidro. Lá fora os grilos garantiam a banda sonora de uma vida.
Durante aqueles dias, ela acreditava que tinha finalmente dado de caras com o amor. Permitia-se pela primeira vez, abandonar o corpo cansado nos braços magros daquele ser de olho azul. Deixava-o entoar a palavra amo-te e derrubara enfim todas as barreiras construídas em anos de solidão.
Naqueles dias felizes e livres, passearam e nadaram pelas cálidas águas alentejanas. Beberam e brindaram à vida. Abraçaram-se como se o dia de amanhã fosse uma vaga esperança perdida. E de repente a peça chegava ao fim. A dor veio silenciosa e serena. Ela não assimilava as palavras. Ouvia-as e sentia-as como alfinetadas. Dobrava-se em si mesmoa sem entender que o amor despedia-se dela ali mesmo."És tão bonita", dizia ele. "Tão meiga e inteligente", continuava. E no fim, o golpe final. O medo do compromisso. A incapacidade de amar alguém tão especial.
E depois a noite veio. Abafada e carregada de torpor. Entraram para a tenda. Ela aninhou-se no peito dele. E chorou...
1 comment:
bonito o texto e triste, será será sempre assim? quem serão os afortunados que perpetuam, ou se calhar o amor é bom assim nesse sopro, como todas as coisas belas, como os amores perfeitos, efémeros.
Post a Comment